Maria
Agustina Ferreira Teixeira Bessa-Luís nasceu em 15 de outubro 1922, em Vila Meã,
Amarante. Talvez esta aproximação ao Douro da sua infância, que
levou consigo quando mais tarde se instalou no Porto, tenha sido
determinante como pano de fundo para a maior parte dos seus romances.
Agustina,
que cedo demonstrou interesse pela literatura portuguesa e inglesa em
particular, obteve um lugar de destaque logo que publicou A
Sibila,
em 1954.
Esta obra, estudada durante décadas em escolas e universidades,
constituiu um enorme sucesso e abriu-lhe portas para o reconhecimento
público da sua grandiosa carreira literária.
Se
muitos foram os romances que escreveu, não podem ser esquecidas as
suas peças de teatro, as biografias, as crónicas, os ensaios,
testemunhos de um corpus literário diversificado. A ligação ao
cinema e ao teatro associam-na a nomes como Manoel de Oliveira, que
adaptou para o cinema muitas das suas obras, e Filipe La Féria, que
adaptou e encenou As
Fúrias
para o Teatro Nacional D. Maria II. Foi deste mesmo teatro que
Agustina Bessa-Luís se tornou Diretora entre 1990 e 1993.
A
obra da escritora tem uma projeção internacional de relevo, estando
traduzida em várias línguas. A acompanhar esta projeção
internacional da sua escrita, Agustina foi membro do conselho
diretivo da Comunitá Europea degli Scrittori (Roma, 1961-1962), e é
membro da Academie Européenne des Sciences, des Arts et des Lettres
(Paris) e da Academia Brasileira de Letras. Foi distinguida com o
grau de «Officier de l'Ordre des Arts et des Lettres», atribuído
pelo governo francês em 1989, e com o grau de Grande-Oficial da
Ordem
Militar de Sant'Iago da Espada, a 9 de Abril de 1981, tendo
recebido ainda a Grã-Cruz da mesma Ordem a 26 de Janeiro de 2006.
Para
além destas distinções, a obra de Agustina obteve importantes
prémios literários: o Prémio Delfim Guimarães (1953), o Prémio
Ricardo Malheiros (Academia das Ciências de Lisboa, 1966 e 1977), o
Prémio «Adelaide Ristori» (Centro Cultural Italiano de Roma,1975),
o Prémio PEN Clube Português de Ficção (1980), o Prémio D. Dinis
(Casa de Mateus, 1980), o Grande Prémio do Romance e Novela da
Associação Portuguesa de Escritores (1983 e 2001), o Prémio da
Crítica (Centro Português da Associação Internacional de Críticos
Literários, 1993), o Prémio União Latina (Itália, 1997) e o
Prémio Camões (2004), o mais importante galardão literário da
língua portuguesa. Em 2005, pouco antes de se retirar da vida
literária por motivos de saúde, Agustina recebeu ainda o Prémio de
Literatura do Festival Grinzane de Cinema de Turim. Em Itália, a
cátedra Agustina Bessa-Luís, na Universidade Tor Vergata de Roma, é
um dos exemplos que demonstram o lugar que a escritora tem tido no
ensino da literatura portuguesa no estrangeiro. Diversas teses de
doutoramento realizadas ao longo dos anos, em universidades um pouco
por todo o mundo, têm refletido a importância indiscutível da sua
obra no panorama literário universal.